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Um Novo Amor...
Um Novo Amor...

 

Você pode estar se perguntando: Amor saudável? Por acaso, existe algum que não seja?. Respondo que sim. Quem não conhece aquela mãe que vive só para os filhos? Ou a mulher sem vida própria, que atua exclusivamente em função do marido? E mesmo aquele pai, cuja única motivação é o bem estar material da família? É uma verdadeira renúncia à própria vida, que se torna vazia e sem projetos. Infelizmente vemos muita gente depositando sua vida, suas expectativas e seu futuro, nas mãos do ser amado. Isso não se recomenda a ninguém porque, o ser humano, por mais que ame os outros - o que é até nobre -, tem o direito e o dever de dedicar-se a si próprio como um indivíduo que precisa ter sonhos, vontades e tentar ser feliz.


Todo mundo precisa ter na sua vida momentos seus, para fazer o que gosta - mesmo que tenha neles a companhia de alguém querido. Da mesma forma que todos devem encontrar um momento para cuidar-se, praticar atividades físicas, ir ao seu cabeleireiro, realizar seus exames médicos preventivos e periódicos, cuidar de sua espiritualidade, curtir seu hobby, divertir-se. Isso é amar-se; é exercer um amor saudável para com você mesmo. Assim, não teremos que depositar nossa felicidade nas mãos dos outros.

Há os que amam tanto que, não raro, sufocam a outros. Exigem correspondência irrestrita, esperam exclusividade, desejam reciprocidade total, como se todos fossem obrigados a retribuir seu bem querer na mesma medida. As coisas não são bem assim, porque cada pessoa tem uma percepção quanto ao amor que recebe.

Importante saber que todos os sentimentos, certezas e angústias vividas na infância vêm à tona como um tsunami quando somos confrontados com algo novo ou diferente. Aqueles que tiveram em casa uma afirmação de amor consciente, que é o amor que permite educar, corrigir, discordar e ainda assim, quere bem e cuidar, estarão mais aptos a encarar as armadilhas que nosso crescimento apresenta. Já alguém que cresceu recebendo sinais de afeto confusos, tenderá a reproduzir esse tipo de afeto. E isso é fácil de reconhecer. É quem cresceu em uma família que presenteia materialmente muito mais do que afetivamente. É o pai que nunca tem tempo pro filho e para compensar essa distância sempre chega em casa com um mimo. Ou a mãe que entope a criança de comida, desdobrando-se para fazer pratos e mais pratos ao invés de dizer verdadeiramente que ama essa mesma criança.

Como é previsível, a pessoa vinda desse cenário terá mais dificuldade em se relacionar com gente que não tem esse comportamento.

Outro aspecto é que o temperamento influencia cada pessoa em sua maneira de expressar os seus sentimentos. Alguns os demonstram explicitamente, outros mais timidamente e há os que são naturalmente frios ou desligados e nunca demonstrarão nada. Por isso, muita gente sofre à toa e não sabe o que fazer para arrancar do outro uma demonstração de sentimentos recíprocos. Quando se trata do relacionamento entre os sexos, a situação é ainda pior. A paixão, o desejo e muitos outros sentimentos não tão perceptíveis, potencializam as diferenças.

Importante destacar que há várias diferenças comportamentais entre as pessoas, o fato de que mulher e homem são desiguais, pela própria natureza dos sexos, portanto nenhum dos dois pode medir as reações do outro tomando por base as suas próprias. Em geral, o amor é saudável quando a pessoa amada, que nos corresponde, é uma figura que permeia toda a nossa vida, mas não é a nossa vida. Cada qual ainda é dono do caminho no qual já vinha andando antes e ninguém pode determinar até quando os dois caminhos continuarão paralelos e próximos. A não aceitação desses fatos é que transforma num incômodo um relacionamento que tem tudo para nos complementar a contento e inspirar ainda mais a nossa existência.

Portanto, aquelas afirmações do tipo "ele é o ar que eu respiro", "meus filhos são a minha vida", "morro de ciúmes dos meus amigos" e outras parecidas, revelam insegurança, imaturidade e uma indesejável dependência doentia do outro. Ao contrário, estando bem com nós mesmos, teremos melhores condições de selecionar quem merecerá nosso amor, nossa atenção e nossa dedicação.

Para encerrar afirmo que um amor saudável é um sentimento nobre e elevado, que nos engrandece e coloca a presença do melhor que somos na vida de outra pessoa. É aquele em que há respeito espontâneo, atenção, compreensão, aceitação da nossa falha condição de humanos e a contínua busca por conhecer cada vez mais o outro, no sentido de dar a ele o que realmente precisa, dentro do que está ao nosso alcance.

No clima desse amor saudável, temos que receber de bom grado e valorizar o que o outro nos dá naturalmente, sem querer que ele seja a solução para tudo ou que nos coloque acima de tudo. O importante é cada um ter o seu devido lugar na vida do outro, preservando a individualidade de ambos e aproveitando da melhor forma o que essa presença em nossa vida possa nos proporcionar.